INICIATIVA

Em 2011, o Governo Português solicitou à COTEC Portugal, enquanto entidade possuidora da visão da comunidade empresarial que a compõe, um conjunto de medidas capazes de melhorarem o desempenho do nosso País em matéria de inovação para serem contempladas na “Agenda de Inovação Portugal” dentro da “Estratégia Europa 2020”.

No âmbito desse exercício a COTEC Portugal elaborou um Top 10 de medidas, que incluía a seguinte: «Intensificar a componente experimental no terceiro ciclo do ensino básico e no ensino secundário». Existiam já algumas iniciativas piloto em escolas do Porto e de Lisboa, em que algumas empresas da comunidade intervinham de perto nessa parte mais experimental do ensino. Aproximar as experiências feitas nas empresas e replicá-las de alguma forma nas escolas, bem como oferecer estágios a estes alunos em fases mais a montante do percurso escolar já eram os objectivos da COTEC da altura.

Tudo porque se acredita que um ensino (desde logo aos níveis básico e secundário) em que se acentue a componente experimental poderá contribuir para uma atitude coletiva mais favorável à inovação e ao empreendedorismo. Isto deve fazer-se intensificando o peso das disciplinas de índole mais científica (física, química, biologia, que, juntamente com a matemática, deverão ter cargas horárias, no mínimo, idênticas à média dos países da OCDE) e introduzindo exigências acrescidas de trabalho em laboratório. Os laboratórios atualmente até podem estar melhor equipados, mas continuam a ser objeto de uma utilização insuficiente por parte de alunos e de professores.

Acrescendo a este contexto, temos que o nível da procura por qualificados das áreas das engenharias tem vindo a crescer pelo mundo, incluindo Portugal e Europa, estando a oferta muito aquém desses níveis.

Assim, a importância da aprendizagem da Engenharia, seja para os jovens, pelas oportunidades de emprego que oferece (não há praticamente desemprego nesta área), seja para o desenvolvimento do País (com cada vez mais empresas a sentirem necessidade deste tipo de qualificações) levou-nos à criação do formato final a que chegámos para este Prémio, para o qual muito contribuiu um Associado da COTEC, a Siemens Portugal, através do seu desafio.

Deve destacar-se também o objetivo que sempre mantivemos, o facto de se tratar de uma iniciativa dirigida a estudantes muito jovens (3.º ciclo do ensino básico), sabendo que em Portugal existem outros prémios orientados para o mesmo objetivo, também com envolvimento do Ministério da Educação e Ciência, mas este é o único, entre todos, que se dirige a estudantes em fases mais iniciais dos seus percursos escolares. O facto de, nestas idades, não se ensinarem nas escolas conteúdos de Engenharia propriamente ditos, mas ciências várias – nomeadamente as de índole mais experimental – nas aulas e em outras atividades circum-escolares, como é o caso dos “Clubes de Ciência” ou dos “Clubes de Robótica”, hoje existentes em muitas escolas, ajudou a definir o propósito do Prémio.

A realidade fundamental de que temos, em Portugal, grandes escolas de engenharia de onde saem, todos os anos, profissionais muito valorizados em todo o mundo, contribui ainda mais para que o gosto pelas Engenharias e Ciências se venha a desenvolver desde cedo nos jovens portugueses.

O concurso tem ainda algumas particularidades que importa destacar:

embora as candidaturas sejam de estudantes, elas têm de ser canalizadas pelas escolas (com o que se pretende valorizar a escola e o trabalho escolar, não o trabalho realizado em outros meios como, por exemplo, em casa);

os estudantes têm de se submeter a concurso acompanhados dos seus professores, sendo premiados uns e outros (os projectos vencedores premiarão, por igual, e em iguais valores, os estudantes que concorrem e os professores que os acompanham na candidatura, e no trabalho desenvolvido ao longo do ano letivo);

as duas secções do concurso, a primeira, em que são premiados os estudantes e os professores que os acompanham, e a segunda, em que são premiadas as escolas e os agrupamentos escolares, pelo projecto que tenham desenvolvido ou que venham a desenvolver, e que apresentarem, para o ensino destas matérias, incluindo a criatividade, e os meios de que consigam rodear-se (entre outros, os que lhes venham a ser oferecidos por empresas a que se associem).

Por último, deixa-se ainda uma palavra no que respeita ao Movimento Transforma Talento Portugal, iniciativa da COTEC e da Fundação Calouste Gulbenkian, com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, em que se insere a instituição deste Prémio, enquanto mais um passo para levarmos a cabo, em conjunto com a Sociedade Civil, a série de treze medidas prioritárias identificadas no estudo para desenvolver o Talento Nacional.